quinta-feira, 4 de junho de 2015

MAIS SOBRE A SÍNDROME DA FRAGILIDADE


O processo de envelhecimento é algo natural e inerente a qualquer espécie de ser vivo. No caso dos seres humanos, esse processo está diretamente relacionado a alterações fisiológicas que podem ser visíveis aos nossos olhos, como as rugas, os cabelos brancos, a diminuição na estatura, etc., e também, a alterações que ocorrem de forma mais intrínseca e que podem envolver um, ou vários sistemas, gerando um declínio em múltiplos domínios fisiológicos do nosso organismo. Junto com essas alterações de cunho fisiológico, as alterações psicossociais também permeiam esse processo, tornando-o ainda mais complexo e diversificado. A essas mudanças, dar-se o nome de síndrome da fragilidade.

É muito importante não confundir fragilidade com incapacidade física ou comorbidades. Nem todas as pessoas com desempenho de atividades funcionais limitado seriam frágeis; assim como nem todas as pessoas ditas frágeis apresentam limitações em suas atividades.

Dessa forma, é interessante retomar algumas definições:
            Funcionalidade: termo que se relaciona com todas as funções do corpo, além das atividades e participação do indivíduo. Incapacidade: se refere à dificuldade ou dependência ao realizar atividades essenciais para uma vida com independência (atividades básicas e instrumentais de vida diária – ABVD e AIVD).

Deve-se ter cuidado ao abordar incapacidade e comorbidade, pois elas não estão necessariamente relacionadas. Um idoso com duas doenças como osteoartrite e hipertensão (que se caracterizam como comorbidades) pode apresentar uma total independência em suas ABVD e AIVD. Vale lembrar, também, que incapacidade e comorbidade podem se relacionar com a fragilidade e contribuir para que o idoso torne-se frágil, mas não são fatores determinantes.

Para definir síndrome da fragilidade temos como importantes duas linhas de raciocínio principais. Uma de Hogan e colaboradores de 2003 que relaciona a síndrome da fragilidade com a presença de três aspectos no sujeito: (1) dependência nas atividades básicas e instrumentais de vida diária; (2) vulnerabilidade aos estresses ambientais, como o surgimento de patologias e quedas; (3) presença de estados patológicos agudos e crônicos. A outra linha de raciocínio para definição seria a do grupo do Centro de Envelhecimento e Saúde da Universidade Johns Hopkins, onde se aborda que essa síndrome é caracterizada por um declínio de energia no indivíduo em espiral sustentado pelo seguinte tripé: (1) sarcopenia; (2) desregulação neuroendócrina; (3) disfunção imunológica.

Dessa forma, considerando as duas definições, temos que a fragilidade seria uma síndrome clínica com redução de energia e de capacidade de reagir a diversos estresses ao organismo. Temos associado a isso, ainda, um declínio acumulativo dos sistemas fisiológicos do indivíduo de forma geral que dificultam a manutenção da homeostase do organismo.

Segundo Binder (2002), ela pode estar relacionada com eventos envolvendo o declínio de domínios como a força e massa muscular, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e função cardiovascular.

Muitas são as repercussões advindas da síndrome da fragilidade, e que geram como consequências diretas a deterioração da qualidade de vida, aumento da sobrecarga dos cuidadores e altos custos com cuidados a saúde (GILL, 2002).

E quanto à fisioterapia na síndrome da fragilidade?

Diante do abordado como definição e alguns outros aspectos relacionados à patogênese da dimensão física dessa síndrome já abordados aqui em outra postagem, temos a figura da fisioterapia como uma esfera importante na assistência multidisciplinar ao idoso ao se tratar desse tema.

Dentro de uma gama de estratégias que o fisioterapeuta pode utilizar para prevenir a instauração da síndrome da fragilidade no idoso ou sua evolução quando já instaurada, a literatura aborda objetivos terapêuticos que se relacionam com os seguintes aspectos: (1) força muscular; (2) potência muscular; (3) flexibilidade; (4) mobilidade; (5) equilíbrio; (6) condicionamento aeróbio.

A literatura aponta ainda como efetivos à utilização de exercícios resistidos de alta intensidade para o ganho de capacidade funcional e prevenção de incapacidades em idosos com fragilidade moderada.

REFERÊNCIA:

PERRACINI, Monica R; FLO, Cláudia M. Funcionalidade e Envelhecimento/ Fisioterapia: Teoria e Prática Clínica. 1.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.


Responda nos comentários: Elabore um breve plano de tratamento com objetivos e condutas terapêuticas para um paciente idoso com síndrome da fragilidade de leve à moderada.

Um comentário:

  1. Objetivos: ganho de força muscular; restaurar a capacidade aeróbica; reduzir chances de quedas; tonar independente nas suas avd e aidv.
    Tratamento: exercícios de intensidade moderada ( agachamento com apoio, adução com bola), treino de marcha/caminhada em diferentes momentos ( de lado, com obstáculos, diferentes níveis); atividades que mimetizem algumas atividades de vida diária, tal como: atividade de alcance, preensão. Orientação para reduzir as atividades estáticas, e que ele é o principal responsável pela sua saúde.

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