O
processo de envelhecimento é algo natural e inerente a qualquer espécie de ser
vivo. No caso dos seres humanos, esse processo está diretamente relacionado a
alterações fisiológicas que podem ser visíveis aos nossos olhos, como as rugas,
os cabelos brancos, a diminuição na estatura, etc., e também, a alterações que
ocorrem de forma mais intrínseca e que podem envolver um, ou vários sistemas,
gerando um declínio em múltiplos domínios fisiológicos do nosso organismo.
Junto com essas alterações de cunho fisiológico, as alterações psicossociais
também permeiam esse processo, tornando-o ainda mais complexo e diversificado.
A essas mudanças, dar-se o nome de síndrome da fragilidade.
É
muito importante não confundir
fragilidade com incapacidade física ou comorbidades. Nem todas as pessoas
com desempenho de atividades funcionais limitado seriam frágeis; assim como nem
todas as pessoas ditas frágeis apresentam limitações em suas atividades.
Dessa
forma, é interessante retomar algumas definições:
Funcionalidade:
termo que se relaciona com todas as funções do corpo, além das atividades e
participação do indivíduo. Incapacidade:
se
refere à dificuldade ou dependência ao realizar atividades essenciais para uma
vida com independência (atividades básicas e instrumentais de vida diária –
ABVD e AIVD).
Deve-se
ter cuidado ao abordar incapacidade e comorbidade, pois elas não estão
necessariamente relacionadas. Um idoso com duas doenças como osteoartrite e
hipertensão (que se caracterizam como comorbidades) pode apresentar uma total
independência em suas ABVD e AIVD. Vale lembrar, também, que incapacidade e
comorbidade podem se relacionar com a fragilidade e contribuir para que o idoso
torne-se frágil, mas não são fatores determinantes.
Para
definir síndrome da fragilidade temos como importantes duas linhas de
raciocínio principais. Uma de Hogan e colaboradores de 2003 que relaciona a
síndrome da fragilidade com a presença de três aspectos no sujeito: (1)
dependência nas atividades básicas e instrumentais de vida diária; (2)
vulnerabilidade aos estresses ambientais, como o surgimento de patologias e
quedas; (3) presença de estados patológicos agudos e crônicos. A outra linha de
raciocínio para definição seria a do grupo do Centro de Envelhecimento e Saúde
da Universidade Johns Hopkins, onde se aborda que essa síndrome é caracterizada
por um declínio de energia no indivíduo em espiral sustentado pelo seguinte
tripé: (1) sarcopenia; (2) desregulação neuroendócrina; (3) disfunção
imunológica.
Dessa
forma, considerando as duas definições, temos que a fragilidade seria uma
síndrome clínica com redução de energia e de capacidade de reagir a diversos
estresses ao organismo. Temos associado a isso, ainda, um declínio acumulativo
dos sistemas fisiológicos do indivíduo de forma geral que dificultam a
manutenção da homeostase do organismo.
Segundo
Binder (2002), ela pode estar relacionada com eventos envolvendo o declínio de
domínios como a força e massa muscular, flexibilidade, equilíbrio, coordenação
e função cardiovascular.
Muitas
são as repercussões advindas da síndrome da fragilidade, e que geram como consequências
diretas a deterioração da qualidade de vida, aumento da sobrecarga dos
cuidadores e altos custos com cuidados a saúde (GILL, 2002).
E quanto à fisioterapia na síndrome da
fragilidade?
Diante
do abordado como definição e alguns outros aspectos relacionados à patogênese
da dimensão física dessa síndrome já abordados aqui em outra postagem, temos a
figura da fisioterapia como uma esfera importante na assistência
multidisciplinar ao idoso ao se tratar desse tema.
Dentro
de uma gama de estratégias que o fisioterapeuta pode utilizar para prevenir a
instauração
da síndrome da fragilidade no idoso ou sua evolução quando já instaurada, a
literatura aborda objetivos terapêuticos que se relacionam com os seguintes
aspectos: (1) força muscular; (2) potência muscular; (3) flexibilidade; (4)
mobilidade; (5) equilíbrio; (6) condicionamento aeróbio.
A
literatura aponta ainda como efetivos à utilização de exercícios resistidos de
alta intensidade para o ganho de capacidade funcional e prevenção de
incapacidades em idosos com fragilidade moderada.
REFERÊNCIA:
PERRACINI, Monica R; FLO, Cláudia M. Funcionalidade e Envelhecimento/ Fisioterapia: Teoria e Prática Clínica. 1.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
Responda nos comentários: Elabore
um breve plano de tratamento com objetivos e condutas terapêuticas para um
paciente idoso com síndrome da fragilidade de leve à moderada.
Objetivos: ganho de força muscular; restaurar a capacidade aeróbica; reduzir chances de quedas; tonar independente nas suas avd e aidv.
ResponderExcluirTratamento: exercícios de intensidade moderada ( agachamento com apoio, adução com bola), treino de marcha/caminhada em diferentes momentos ( de lado, com obstáculos, diferentes níveis); atividades que mimetizem algumas atividades de vida diária, tal como: atividade de alcance, preensão. Orientação para reduzir as atividades estáticas, e que ele é o principal responsável pela sua saúde.