quinta-feira, 14 de maio de 2015

A SAÚDE MENTAL DO IDOSO


Quando se trata da saúde mental do idoso, abordam-se alguns conceitos, como o de autonomia, que se trata da capacidade do indivíduo de tomar decisões e comandar suas próprias ações de acordo com suas regras, estando esse conceito diretamente ligado à cognição e ao humor. Outro conceito importante é o de independência, que se refere a execução de atividades de forma autônoma, estando diretamente relacionada com a mobilidade e comunicação.
Já quando conceituamos cognição, estamos nos referindo à capacidade mental do indivíduo entender e resolver os problemas do dia a dia. Esse conceito está relacionado à um conjunto de funções como: memória, função executiva (planejamento, sequenciamento e monitoramento de tarefas), linguagem, praxia, gnosia (capacidade de reconhecer estímulos visuais, auditivos e táteis) e função visuespacial (capacidade de localizar-se no espaço e percepção das relações dos objetos entre si). Outros conceitos são o de humor (capacidade mental relacionada à motivação), mobilidade (capacidade de deslocar-se) e comunicação (capacidade de se comunicar estabelecendo relações com o meio).
A perda dessas funções pode afetar a saúde do idoso, e o conhecimento delas dentro do processo de envelhecimento por parte dos profissionais de saúde é importante para que a assistência seja realizada de forma que não cause iatrogenias.

Incapacidade Cognitiva

A incapacidade cognitiva está relacionada com a perda das funções encefálicas superiores causando a perda de atividades de vida diária e a funcionalidade como um todo do indivíduo. As alterações de funções superiores que não causam prejuízo na funcionalidade do indivíduo são consideradas transtornos cognitivos leves, não sendo classificadas como incapacidades cognitivas.

As principais etiologias relacionadas coma incapacidade cognitiva são: demência, depressão, delirium e doenças mentais (por exemplo: esquizofrenia, oligofrenia e parafrenia).

Demência

Quando se aborda a demência, temos como definição: desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos. Seu diagnóstico, muitas vezes, é difícil e para que seja estabelecido são necessários exames complementares para descartar algumas causas potencialmente reversíveis, como: tóxicas (uso de drogas, bebida alcoólica, metais pesados, drogas psicoativas); infecciosas (neurossífilis, infecção por VIH); metabólicas (deficiência de vitamina B12 e de ácido fólico, hiponatremia, hipotireoidismo, insuficiência renal e hepática); estruturais (hidrocefalia de pressão normal, hematoma subdural e tumores). Descartadas essas causas, os demais casos de demência são oriundos de processos degenerativos primários, dos quais 50-60% estão associados à demência de Alzheimer.
A demência do Alzheimer possui características que se agravam ao longo da evolução da doença. No início, tem-se: redução de produtividade funcional ao realizar tarefas complexas; desorientação espacial; alterações comportamentais; perda de memória recente; dificuldade em aprender informações novas. Com sua evolução, há uma redução de forma progressiva do rendimento funcional e da capacidade cognitiva. Em uma fase moderada: insônia; confusão mental; agitação, afasia e apraxia. Em um estágio avançado: distúrbios motores; dificuldade para deglutir; incontinência urinária. Estágio terminal: mutismo e intensa disfagia, sendo a maior parte das causas de óbito relacionadas a infecções.

Delirium

O Delirium pode ser definido como um distúrbio de início súbito que está relacionado com a consciência, atenção, cognição e percepção do indivíduo, tendendo a flutuar ao longo do dia e podendo ser caracterizado como um estado confusional agudo secundário a uma causa orgânica. Esse distúrbio não deve ser confundido com o delírio que se trata de uma sintomatologia de alterações mentais caracterizada por uma convicção errada relativa a algo interpretado da realidade.

Devido as suas baixas reservas cerebrais, os idosos são suscetíveis ao delirium, que pode ter como causa: infecções, medicamentos, intercorrências clínicas e hospitalizações.
Com relação ao seu tratamento, utilizam-se medidas que viabilizem a correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, promoção de nutrição adequada, além de retirar contenções, estimular a mobilidade e mudanças de decúbito, proteger a via aérea e promover a reorientação espacial e temporal do paciente (essa reorientação pode ser realizada com medidas simples como manter um calendário e um relógio próximo e visível para o idoso, além de contar com o suporte familiar para conversar com ele sobre fatos do cotidiano que o situem no tempo e no espaço).

Depressão

A avaliação dos idosos quanto a existência de quadros de depressão é importante devido a sua alta prevalência nessa população. Para caracterizar a depressão, além de investigações mais profundas, a sintomatologia deve estar presente há mais de duas semanas havendo perturbação ou alteração da capacidade funcional do indivíduo e não estando associada a uso de medicações ou luto. São sintomas de depressão: humor deprimido; ganho ou perda de peso acima de 5%; inônia ou hipersonia; diminuição da concentração; agitação ou lentificação psicomotora; fadiga; ideia de menos valia ou de culpa de forma inapropriada; presença recorrente de pensamentos de morte ou ideação suicida.
O principal instrumento de avaliação é a Escala de Depressão Geriátrica (GDS).

Responda nos comentários: Qual a importância do olhar sobre a saúde mental do idoso na atuação do profissional fisioterapeuta e no que diagnósticos de distúrbios mentais podem implicar na construção de seu plano de tratamento?
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REFERÊNCIA:

MORAES, E. N.; MARINO, M. C. A.; SANTOS, R. R. Principais síndromes geriátricas. Rev Med Minas Gerais 2010; 20(1): 54-66.